“Eles viveram a experiência da prisão, mas são seres humanos”

A coordenadora do Projeto Reeducar, juíza Eulinete Tribuzy, disse que a data de hoje, 14 de fevereiro, deve ser fixada na memória por ser uma data especial: o dia em que duas importantes instituições, o Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública, deram as mãos para dar uma nova oportunidade àquelas pessoas que passaram pela “triste experiência do presídio e lutam para não retornarem”.

? Na última reunião do ano de 2010, que aconteceu dia 06/12, fomos prestigiados com a presença do desembargador Ari Moutinho. Na ocasião, ele disse que “esse trabalho parece ainda uma gota

d´água no oceano, mas que poderá se tornar uma onda avassaladora”. É o que a gente sonha e quer para que esse benefício chegue às pessoas que passaram pela triste experiência do presídio e agora têm esse apoio do Projeto Reeducar – disse a juíza.

Eulinete Tribuzy observou que o projeto visa principalmente valorizar àqueles que passaram pela prisão mas não deixaram de ser seres humanos. “E aqui neste momento, nesta primeira reunião nós resgatamos a dignidade de quem veio da prisão e entregou o seu Alvará de Soltura para assistir a essa primeira reunião. Quem está vindo aqui são pessoas que têm o seu valor, seres humanos e não qualquer coisa que deve ser entulhada lá no presídio” —, disse a juíza.

Após a abertura do Reeducar 2011, Eulinete concedeu a seguinte entrevistas aos jornalistas. Confira:

Quantos detentos em liberdade provisória participaram do projeto em 2010?

Juíza Eulinete Tribuzzy, coordenadora do Projeto Reeducar ? Um total de 820 pessoas, mas que passaram realmente pelo projeto foram de 1500. Isso porque a gente foi conseguindo a clientela de outras varas paulatinamente, não foi só de uma vez. Cada Vara orientou os presos para que eles procurasse o projeto Reeducar. Isso foi colocado no alvará, e eles foram nos procurando aos poucos.

O que é preciso para eles participarem do projeto?

Eulinete Tribuzzy ? Precisam estar liberado pelo benefício da liberdade provisória. Esse trabalho não está na lei, não foi previsto na lei, nós criamos este trabalho porque percebemos que para quem está em liberdade provisória é o mais vulnerável voltar ao crime, porque eles vivem sem nada, até as famílias às vezes somem deles. Eles pagam advogado, às vezes vendem até a casa para conseguir a liberdade. O apoio do Reeducar é para justamente analisar a situação de cada um e ajudá-los a complementar o estudo, a fazer curso de capacitação e arranjar emprego.

? Com esse trabalho eles podem ter uma esperança melhor e serem inseridos  no mercado de trabalho?

Eulinete Tribuzy ? Exatamente, eles saem da prisão sem nenhum norte, sem nenhum objetivo, então eles estão muito vulneráveis a voltar ao crime. O Projeto Reeducar vem e lhes dar a mão para que eles olhem o outro lado, no sentido de reintegrar na sociedade como cidadão.

? Os parceiros têm correspondido nesta hora?

Eulinete Tribuzy ? A parceria é tudo. Nós temos parcerias com as entidades tais como o SENAI, SENAC, CEFETe outras. Muitos órgãos já estão conosco, existem ainda os voluntários que somam um número considerado.

? Existe  registro de que algum deles retornou ao crime, depois do Reeducar?

Eulinete Tribuzy ? Perguntei isso a defensoria, se havia alguma estatística de retorno, e os mais de 1,5 mil que a gente atendeu, nós temos notícias de que apenas dois  retornaram. Então, isso indica que é positivo o nosso trabalho.

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