A atividade foi organizada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, por meio da Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica (Cevid/TJAM) e da Ouvidoria da Mulher, que têm à frente a desembargadora Maria das Graças Pessôa Figueiredo.
PARINTINS (AM) - Os altos números de feminicídios no Brasil, os tipos de violência doméstica e como denunciar esses crimes foram alguns dos assuntos abordados durante a Roda de Conversa realizada na tarde de quinta-feira (26/06), no Fórum de Justiça de Parintins, e que teve como foco principal as mulheres profissionais da rede de proteção da cidade e mulheres que já foram vítimas de violência doméstica.
A atividade foi organizada pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, por meio da Coordenadoria Estadual das Mulheres em Situação de Violência Doméstica (Cevid/TJAM) e da Ouvidoria da Mulher, que têm à frente a desembargadora Maria das Graças Pessôa Figueiredo e integrou a programação especial levada a Parintins às vésperas da realização do 58.º Festival Folclórico da cidade, aproveitando o expressivo número de pessoas que circulam no Município neste período.
Além de mulheres vítimas que relataram suas experiências, a Roda de Conversa teve a participação de representantes da Secretaria Executiva de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), do Cras, do Centro de Referência Especializada em Assistência Social (Creas), do Serviço de Apoio à Mulher, ao Idoso e à Criança (Samic), do Conselho da Mulher de Parintins, da Ordem dos Advogados do Brasil de Parintins (OAB/AM) e outros.
A Roda de Conversa foi conduzida pela assistente social da equipe multidisciplinar do 1.º Juizado Maria da Penha de Manaus, Celi Cristina Nunes Cavalcante.
A desembargadora Graça Figueiredo reforçou o trabalho do Poder Judiciário e da rede de instituições parceiras.
“Há muitas mulheres que precisam dessa ajuda. Nós vemos no olhar dessas mulheres uma aflição ou constrangimento, porque é muito constrangedor ela ter que sair de sua casa para dizer ‘Olha, eu tô apanhando’, ‘Eu estou passando por dificuldade de relacionamento’. Isso é muito difícil. Por isso, o Poder Judiciário, através da Coordenadoria e da rede de apoio, faz esse trabalho para que as mulheres possam conhecer os seus direitos e sentir-se à vontade para buscar ajuda, e umas ajudarem as outras. Às vezes, a pessoa ouve alguém gritando, e ela pode salvá-la de um feminicídio ligando para o número 190, da Ronda Maria da Penha. Esse é o nosso trabalho”, disse a coordenadora da Cevid/TJAM.
Denuncie já!
A secretária-executiva de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), Syrla Picanço, falou às presentes sobre a importância da rede de proteção, dos serviços da Sejusc e da necessidade que há das vítimas denunciarem os casos de agressão.
“As mulheres precisam falar e pedir ajuda. É importante essa divulgação sobre o assunto. Nós observamos que os casos de violência aumentam, mas também que muitas mulheres estão tendo coragem de estar divulgando essa violência que estão sofrendo”, destacou a secretária.
Conhecimento
A presidente da OAB/AM Parintins, Cláudia Vieiralves, também pontuou que nunca é demais informação, estudo e conscientização da população.
“Conhecimento nunca é demais. Quero parabenizar o Tribunal de Justiça do Amazonas e a Prefeitura Municipal de Parintins. Estou muito feliz porque a rede de proteção está muito fortalecida, e a vinda do TJAM a Parintins, com eventos que incluíram workshop, rodas de conversa e outros, são de extrema importância. Quanto mais eventos como esse ocorrerem, melhor para a sociedade”, analisa ela, autora do livro “Por que o filho é só da mãe?”, que convida o leitor a uma reflexão profunda sobre o desequilíbrio nas responsabilidades parentais e o papel atribuído à mulher na sociedade, sob a perspectiva jurídica e pessoal da autora.
Relatos
Mulheres que já foram vítimas de violência deram dramáticos relatos durante a roda de conversa realizada nesta quinta-feira no Fórum de Parintins. Em todas, o sentimento de que nada é mais forte do que uma mulher que se reconstruiu.
Ao compartilhar sua experiência, Dolores (*). disse que o ex-companheiro a agredia, e que não o denunciava por acreditar em uma mudança de comportamento do agressor.
“Eu sofri violência doméstica do meu ex-companheiro. Eu não tinha que passar por aquilo, mas eu acreditava na mudança. Eu tinha vergonha de denunciar e não pedia socorro. Até que passei a me informar melhor, passei a ter conhecimento e resolvi dar um basta nisso denunciando meu agressor”, disse
Carla (*), de 45 anos, contou que foi agredida pelo ex-marido por cerca de 25 anos. “Me separei e ele ainda me atormentava mesmo assim”, disse ela, que ainda guarda, até hoje, as marcas de um passado que ela espera esquecer para sempre.
*Nomes foram alterados para preservar a identidade das vítimas
Paulo André Nunes
Fotos: Chico Batata
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / TJAM
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
(92) 99316-0660