“Litigância Predatória e seu Impacto nos Juizados Especiais” foi um dos temas de ciclo de palestras realizado nesta terça-feira, na programação da "2.ª Semana Nacional dos Juizados Especiais" no Amazonas  

Tema foi abordado pela juíza Patricia Ceni, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que destacou o impacto financeiro da litigância abusiva no cenário nacional e os custos diretos para o Poder Judiciário; desembargadora Nélia Caminha conduziu a cerimônia de abertura da 2.a Semana nesta manhã.   


aberturasemana1.jpg

54566242029 5ce23a276e c

54566389175 5f691603f2 c

54565183502 f376253bbb c

54566242424 7280e79414 c

54566392610 a24f73a15c c

54566292013 ddfe062170 c“A adoção de práticas voltadas para a litigância responsável é indispensável para garantir a eficiência, a celeridade e a qualidade da prestação jurisdicional nos Juizados Especiais”. A afirmação foi feita pela juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ/MT), Patrícia Ceni dos Santos, durante palestra que abordou o tema “A Litigância Predatória e seu Impacto nos Juizados Especiais”, ministrada nesta terça-feira na abertura oficial da “2.ª Semana Nacional dos Juizados Especiais” no Amazonas, no auditório do Centro Administrativo Des. José de Jesus F. Lopes (Anexo à Sede do Tribunal, no Aleixo, zona Centro-Sul).

A “2.ª Semana Nacional dos Juizados Especiais” foi iniciada oficialmente pela coordenadora-geral dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargadora Nélia Caminha Jorge, que ressaltou a importância da participação dos servidores no ciclo de palestras.

“Esta série de palestras foi pensada no universo dos Juizados Especiais, com temas atuais e com os quais os servidores que atuam nestas unidades judiciárias lidam no dia a dia. Espero que todos aproveitem bastante o conhecimento dos nossos palestrantes e tirem todas as dúvidas possíveis”, disse a magistrada, ao abrir os trabalhos da “2.ª Semana dos Juizados Especiais”.

Além da desembargadora Nélia Caminha – que também é vice-presidente e corregedora do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AM) – a mesa de honra da solenidade de abertura contou com a presença da juíza de direito titular da 9.ª Vara do Juizado Especial Cível e subcoordenadora dos Juizados Especiais, Vanessa Leite Mota; do presidente da Associação dos Magistrados do Amazonas (Amazon) e juiz titular da 8.ª Vara de Família, juiz Gildo Alves de Carvalho Filho; do juiz coordenador de Cursos da Escola da Magistratura do Amazonas (Esmam) e juiz titular da 2.ª Vara da Comarca de Iranduba, Saulo Góes Pinto; do juiz titular da 8.ª Vara do Juizado Especial Cível e membro da 4.ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis, Marcelo Manoel da Costa Vieira; e do juiz-corregedor auxiliar e titular da Vara de Inquéritos e Garantias Penais, Igor de Carvalho Leal Campagnolli. A cerimônia contou com a participação de demais magistrados, diretores de Varas e secretarias de Juizados Especiais Cíveis e Criminais.

Litigância abusiva

Em sua palestra, a juíza Patricia Ceni destacou o impacto financeiro da litigância abusiva no cenário nacional e os custos diretos para o Poder Judiciário. “Em 2023, as despesas do Poder Judiciário brasileiro atingiram R$ 132,8 bilhões, representando 1,2% do PIB nacional. Estima-se que aproximadamente 30% das ações cíveis nos Tribunais Estaduais decorrem de demandas abusivas, gerando um custo anual de R$ 12,7 bilhões ao sistema judiciário. Segundo o levantamento da ‘Justiça em Números’, em dados de 2023, o custo médio de uma ação, no Brasil, é de R$ 9.900,00”, informou a juíza.

Entre as iniciativas do Tribunal de Justiça do Mato Grosso para combater a litigância abusiva, Patricia Ceni disse que foi criada uma Comissão Especializada na Identificação e Tratamento de Demandas Abusivas por parte do Conselho de Supervisão dos Juizados Especiais e, também, a atuação estrutural entre os magistrados onde, a partir do trabalho desenvolvido pela Comissão, estão sendo identificadas as demandas dessa natureza existentes perante os Juizados Especiais e promovidas ações conjuntas entre os juízes que, ainda que em fase inicial, já têm produzido efeitos práticos relevantes.

“O combate à litigância abusiva, aliado à implementação de métodos estruturais e à atuação colaborativa entre magistrados, fortalece o sistema de justiça e assegura o acesso digno e efetivo aos cidadãos que realmente necessitam da tutela jurisdicional”, explicou a palestrante Patricia Ceni dos Santos, que é juíza de direito titular do 7.º Juizado Especial do Tribunal de Justiça do Mato Grosso e integrante da diretoria do Fórum Nacional de Juizados Especiais (Fonaje). O futuro do judiciário passa pela responsabilidade e pelo compromisso com a racionalização das demandas”, reforça a palestrante

Nova Lei de Usura e Juros

A segunda palestra da manhã abordou o tema “Nova Lei de Usura e Juros” (Lei n.º 14.905/24) e foi proferida pela juíza de direito do TJAM, Nayara de Lima Moreira Antunes, que é juíza titular da Vara de Garantias e Inquéritos Policiais do TJAM, graduada em Direito pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), especialista em Teoria Geral do Direito e Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG) e especialista em Jurisdição Inovadora pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados e mestranda em Direito pela Universidade de Brasília (UnB).

“Eu tratei da nova temática dos juros estabelecidos pela nova Lei de Usura, de 2024, para que facilite a aplicação desse normativo no nosso trabalho diário nos Juizados Especiais, com a uniformização dos entendimentos sobre a aplicação pretérita da lei e explicando como funciona o novo estabelecimento legislativo, uma vez que agora, no Poder Judiciário, temos taxa de juros e correção monetárias certas, definidas por lei desde agosto de 2024, findando com a discussão que já vinha no Judiciário, inclusive entre os Tribunais Superiores, há quase 20 anos”, explicou a magistrada.

A especialista frisa que discutir uma questão econômica como essa no âmbito do Poder Judiciário é “muito importante porque, além de uniformizar os nossos trabalhos, facilitando a confecção de documentos, traz certeza e segurança ao jurisdicionado com a aplicação legislativa”.

Liberdade de imprensa e Dano Moral

Na programação do período da tarde, o Ciclo de Palestras seguiu com a abordagem do tema “Liberdade de Imprensa e Dano Moral”, pelo juiz Diego Martinez Fervenza Cantoário.

O magistrado citou a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental n.º 130, o Recurso Extraordinário 1.075.412 (tema 995) e a Constituição da República, entre outros textos que trazem orientações para os julgamentos.

Segundo o magistrado, a ADPF é tida como um marco inicial para compreender o tema, que considerou a Lei da Imprensa como não recepcionada na atual Constituição. Com o julgamento, a lei foi abolida do meio jurídico e os processos relacionados ao tema passaram a ser analisados de acordo com outros textos normativos em vigor.

Em sua manifestação, o juiz afirmou que hoje em dia “o principal desafio é realmente conciliar a liberdade de imprensa com os direitos inerentes à pessoa humana e com os direitos da personalidade”, destacando que as publicações podem afetar a vida das pessoas.

E citou que atualmente é proibida a censura prévia, mas possível o controle posterior à veiculação, a responsabilização no caso de descuido na divulgação de conteúdos. E, no caso dos juizados especiais, a indenização segue os valores de alçada do sistema (que são de 20 ou 40 salários mínimos, quando as ações são iniciadas sem ou com a assistência de advogado).

O magistrado citou a importância do Recurso Extraordinário citado para os julgados dos juizados especiais, com tese sobre situações envolvendo divulgação por empresas jornalísticas que possam gerar indenização por publicação de entrevista em que o entrevistado diga que outra pessoa cometeu um crime.

O juiz também abordou como o TJAM e as Turmas Recursais têm julgado o tema, com base no direito fundamental violado e com observância à proibição da censura prévia, aplicação do direito de resposta à matéria ofensiva e eventual retirada do conteúdo da internet, em situações mais sérias. A falsidade e a gravidade do conteúdo, a má-fé e o interesse público são alguns dos aspectos a serem avaliados nos julgamentos dos processos.

Redação e inteligência artificial

A última palestra da programação tratou do tema “Aula Prática de Redação Jurídica com Uso da Inteligência Artificial Generativa”. Primeiro a advogada Juliana Campagnolli fez uma exposição teórica sobre o tema, apontando os benefícios e os riscos do uso da inteligência artificial, incluindo situações envolvendo o uso inadequado das ferramentas em processos; aspectos sobre a regulação do uso, entre outros relativos ao assunto.

Depois o juiz Igor Campagnolli levou os participantes a analisarem um pouco sobre as mudanças e a adaptação tecnológica ao longo de gerações. Na parte prática, houve um exercício para gerar peças jurídicas fazendo uso dos recursos de inteligência artificial.

O magistrado também falou dos riscos de “alucinação”, quando as ferramentas inventam jurisprudências, abordou o cuidado no uso de dados sensíveis, e ressaltou a necessidade de revisão dos dados gerados por inteligência artificial, de deixar transparente o uso das ferramentas e de manter o controle sobre tal uso.

Em maio, o Comitê de Governança em Inteligência Artificial do TJAM, do qual o juiz Igor Campagnolli faz parte, iniciou os debates para tratar de assuntos relacionados à implementação da Política de Inteligência Artificial da instituição e demais aspectos relacionados ao uso da ferramenta.

 

Saiba mais

Litigância abusiva: também conhecida como litigância predatória, refere-se à utilização inadequada ou excessiva do direito de ação, com o objetivo de prejudicar a parte contrária, obstruir a justiça ou obter vantagem indevida. Trata-se de uma prática que desvirtua a finalidade social do direito de acesso ao Poder Judiciário, prejudicando a eficiência e credibilidade do sistema. Entre os exemplos está a propositura de um grande número de ações com o objetivo de coagir a parte contrária a aceitar um acordo ou para obter um resultado favorável e o uso excessivo de recursos (a interposição de recursos sem fundamento, com o objetivo de prolongar o processo e causar prejuízo à parte contrária).

 

#PraTodosVerem: Imagem que ilustra a matéria traz a mesa de honra com as autoridades da cerimônia de abertura da “2.ª Semana Nacional dos Juizados Especiais”, entre eles a coordenadora-geral dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Amazonas, desembargadora Nélia Caminha Jorge (ao centro da foto)

 

Confira o álbum de fotos do evento AQUI

 

Paulo André Nunes e Patrícia Ruon Stachon

Fotos: Paulo André Nunes e Chico Batata

Revisão Textual: Joyce Desideri Tino

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / TJAM

E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

(92) 99316-0660

2022 - Mapa do Site
Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Publicidade
Youtube
Accept
Decline
Analítico
Google Analytics
Accept
Decline