A Coordenadoria da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CEVID/TJAM), que tem à frente a desembargadora Maria das Graças Figueiredo, iniciou nesta quinta-feira (07/08), data em que a Lei Maria da Penha (Lei Federal n.º 11.340/2006) completa 19 anos, a exposição “Não Vista Esta Camisa”, no Mirante Lúcia Almeida, espaço cultural localizado no centro de Manaus. A atividade integra a campanha Agosto Lilás do Tribunal de Justiça do Amazonas, voltada à prevenção e ao combate à violência contra a mulher, e será realizada até sexta-feira (08/08), de 8h às 20h.
A exposição “Não Vista esta Camisa” traz, estampadas em camisetas, frases comuns em relacionamentos abusivos, ditas por homens e mulheres, como forma de alertar para os diferentes tipos de violência contra a mulher - física, sexual, psicológica e patrimonial. Algumas das frases expostas são: “Ninguém vai te amar como eu te amo”; “Isso é tudo coisa da sua cabeça”; “Mas ele nunca me bateu”; “Se não ficar comigo, não ficará com mais ninguém”; “Ele teve ciúmes”; “A culpa é sua”; “Não vai mais acontecer”; “Você só é o que é hoje por minha causa”; “Vai sair vestida assim?”.
Com forte apelo visual e emocional, a mostra busca provocar reflexão e promover a educação social para o enfrentamento das violências cotidianas, muitas vezes naturalizadas.
O público que visita o Mirante Lúcia Almeida comentou ter ficado impactado com as camisas expostas no local. Estudantes da rede pública de ensino como Sara Luiza, de 16 anos e que é aluna do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Militar de Manaus (CMM), contaram “ser interessante a exposição mostrar sobre esse assunto pois há muitas mulheres que sofrem e não conseguem falar”. Para ela, a frase mais impactante estampada nas camisas expostas é “Não Conta pra ninguém senão eu te mato!”. “Essa frase é bem forte”, afirmou ela.
O estudante Mateus Nunes de Mendonça, de 14 anos e estudante do 9º ano do ensino Fundamental do CMM, disse que a exposição “é bem realística por conta de trazer frases com estereótipos como ‘Ele estava bêbado’ e “Resolvi dar mais uma Chance’”. Segundo ele, a frase “Resolvi dar mais uma chance” é a mais falada atualmente por mulheres que são agredidas ou abusadas. “Elas ainda querem ter esperança nos parceiros que as agridem ou as abusam”, analisa o jovem.
“O objetivo da exposição é conscientizar a comunidade, de um modo geral, sobre a importância de se combater a violência doméstica. Aqui nós também estamos trazendo o projeto da equipe multidisciplinar dos Juizados. Quem chega aqui para prestigiar a exposição pergunta bastante e tem curiosidade sobre o tema”, disse a assistente judiciária da Cevid/TJAM, Luciane Oliveira, que integra a equipe multidisciplinar presente na exposição.
Nos dias 14 e 15 de agosto a mostra será reapresentada no hall do TJAM, e nos dias 28 e 29 de agosto, no campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
A atividade itinerante integra uma série de atividades organizadas pela CEVID/TJAM, com execução das equipes multidisciplinares das seis Varas Maria da Penha da Comarca de Manaus. A programação inclui rodas de conversa, exposições, ações de acolhimento e panfletagens em diversas zonas da capital amazonense.
As atividades iniciaram em 1.º de agosto com a iluminação da fachada da sede do TJAM, na cor da campanha, marcando o início das mobilizações. Em 4 de agosto, foi lançado um episódio especial do podcast “Marias PODem”, com o tema “Violência de Gênero nas Mídias Digitais”.
No dia 5 de agosto, foi promovida uma roda de conversa com mulheres indígenas e venezuelanas, organizada pelos 2.º e 5.º Juizados Maria da Penha, na Rua Barreirinha, bairro São José, zona Leste de Manaus. Já no dia 6 de agosto, foi realizada uma panfletagem no centro da cidade, com foco na conscientização sobre a violência doméstica.
A programação segue no dia 12 de agosto, com nova panfletagem e a realização de um grupo de acolhimento no bairro Puraquequara (zona Leste), conduzido pelas equipes dos 3.º e 6.º Juizados Maria da Penha.
Entre os dias 18 a 22 de agosto, acontece a 30.ª Semana Justiça pela Paz em Casa, uma iniciativa nacional em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), voltada à celeridade dos processos judiciais relacionados à violência doméstica e familiar.
Agenda das ações do período
18/08: Projeto "Maria Acolhe", no CETI Puraquequara, com atuação do 1.º e 4.º Juizados Maria da Penha.
19/08: Palestra e roda de conversa com mulheres (2.º e 5.º Juizados); nova edição do "Maria Acolhe" com mulheres vítimas de agressão (1.º e 4.º Juizados).
20/08: Palestra com adolescentes no bairro Puraquequara (1.º e 4.º Juizados).
21/08: Atividade do Maria Acolhe com agressores (1.º e 4.º Juizados).
22/08: Ação “Justiça e Acolhimento: Reconstrução Pós-Relacionamento Abusivo” (1.º e 4.º Juizados).
25/08: Duas ações: Roda de conversa com mulheres no bairro Tarumã (3.º e 6.º Juizados) e “Justiça e Formação: Estudos de Casos – Realidades e Respostas à Violência Contra a Mulher” (1.º e 4.º Juizados).
#PraTodosVerem: A imagem mostra um grupo de jovens estudantes observando uma exposição impactante sobre violência contra a mulher. À frente deles, penduradas em um varal, estão várias camisetas brancas com frases estampadas em vermelho, simulando marcas de sangue e acompanhadas de silhuetas, mãos vermelhas e manchas — simbolizando agressões físicas e psicológicas. Cada camiseta traz uma frase comum em contextos de violência doméstica.
Veja fotos do evento: https://www.flickr.com/photos/tribunaldejusticadoamazonas/albums/72177720328213230/
Paulo André Nunes
Fotos: Marcus Phillipe
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