A mostra, que envolve os trabalhos de 10 artistas locais, pode ser conferida até sexta-feira (14), no hall do Fórum de Justiça Ministro Henoch Reis.
O hall do Fórum Ministro Henoch Reis se transformou em uma galeria de arte para a valorização da arte preta amazônida e ao enfrentamento do racismo estrutural. Até a próxima sexta-feira (14/11) a exposição “Amazônia Preta em Movimento”, do Coletivo Arte Ocupa, foi concebida por dez artistas locais, reunindo pinturas, desenhos, fotografias e esculturas, em uma iniciativa da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral, Assédio Sexual e à Discriminação, em parceria com a Comissão de Incentivo à Participação Feminina, a Escola Superior da Magistratura do Amazonas e a Escola Judicial (Ejud) do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), como parte das ações do Poder Judiciário Estadual alusivas ao "Mês da Consciência Negra".
A solenidade de abertura da programação ocorreu na manhã desta quarta-feira (12/11), com a presença da presidente da Comissão de Incentivo e Participação Feminina e vice-presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral, Assédio Sexual e à Discriminação, desembargadora Onilza Abreu Gerth; do secretário-executivo de Estado de Cultura e Economia Criativa, Luis Carlos Bonates; da secretária-executiva do Grupo Nacional de Direitos Humanos e promotora de Justiça, Carla Cristina da Silva Reis (representando o Ministério Público do Estado (MP/AM); da 1.ª subdefensora pública-geral do Estado e presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual da Defensoria Pública do Estado, Ana Caroline Santos Pinto Rocha (representando a DPE/AM); da juíza de direito da Vara de Garantias Penais e Inquéritos Policiais, magistrada Nayara de Lima Moreira Antunes, representante da equidade racial e membro da Comissão de Enfrentamento ao Assédio e Discriminação; do vice-presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio e Discriminação de 1.º Grau e juiz titular da 2.ª Vara da Comarca de Iranduba, magistrado Saulo Góes Pinto; dos artistas integrantes da exposição; alunos da Escola Estadual Ângelo Ramazzotti; servidores do Poder Judiciário e público em geral.
A desembargadora Onilza Gerth destacou o trabalho das artistas autoras das obras, frisou a ação que une a arte, memória, ancestralidade e justiça e ressaltou que, mais do que uma mostra, a exposição é uma convocação à presença e ao reconhecimento.
“O Tribunal de Justiça do Amazonas reafirma, hoje, o compromisso com o mundo, de dar visibilidade a vozes e corpos historicamente silenciados e transformar espaços institucionais em territórios de expressão e pertencimento. A exposição que inauguramos é um verdadeiro laboratório de criação, onde artistas negras amazônidas compartilham vivências, dores e potências. O recorte que chega até nós destaca dez mulheres que nos convidam a olhar para a Amazônia não apenas como território geográfico, mas como corpo vivo, pulsante e negro. E é algo profundamente simbólico neste espaço de aplicação da justiça. Abrir as portas para a arte também é uma forma de justiça. Ela repara, reequilibra e restabelece a narrativa. Hoje, cada obra aqui exposta representa um gesto de reexistência, um ato político de presença, e um convite para repensarmos o que é equidade dentro e fora das instituições”, disse a magistrada.
Ela também afirmou que a "Amazônia Preta em Movimento” nos lembra que falar sobre consciência negra não é um gesto restrito ao mês do calendário, e sim um compromisso cotidiano com a escuta, a dignidade e com o reconhecimento da beleza e da força que nascem da diversidade.
“Cada cor, cada traço, cada textura dessas obras carregam histórias que não cabem em números, mas em memórias, afetos e esperanças. Em nome do Tribunal de Justiça do Amazonas e em especial da direção, do nosso presidente desembargador Jomar Fernandes, agradeço e parabenizo as artistas participantes, o Coletivo Arte Ocupa, o curador Marcelo Rufino e todas as comissões e escolas que tornaram possível essa iniciativa. Que esta exposição inspire mais ações como esta onde a arte, o Direito e a humanidade caminham juntos. E que cada olhar lançado sobre estas obras seja, também, um ato de respeito e celebração da vida amazônida”, finalizou a desembargadora.
A atividade
A exposição “Amazônia Preta em Movimento” é um desdobramento da residência artística “Pretoberâncias” realizada ano passado também no Fórum Henoch Reis, dentro de um projeto que promove encontros, trocas e criações voltadas à valorização da arte preta amazônida e ao enfrentamento do racismo estrutural. “Pretoberâncias” une os vocábulos “Preto” e “Protuberância”, criando metáfora poderosa e valendo-se de neologismo para destacar a identidade e cultura negra, ressaltando a necessidade de resistência e respeito às culturas afro-brasileiras e suas lutas históricas.
“Amazônia Preta em Movimento” é uma ação do coletivo “Arte Ocupa”, com curadoria de Marcelo Rufino, e reafirma a potência da arte negra feminina como prática estética, política e de reexistência na Amazônia. Ao ocupar simbolicamente o Fórum Ministro Henoch Reis, a “Amazônia Preta em Movimento” propõe uma presença artística e política em um espaço de justiça, ampliando o alcance da arte para além dos circuitos culturais tradicionais e estabelecendo pontes entre arte, saúde e justiça social.
O curador Marcelo Silva Rufino agradeceu ao Tribunal de Justiça do Amazonas pelo apoio e pela concessão do hall do fórum para a realização da atividade, e falou do protagonismo das artistas da mostra.
“Sou o curador, mas o protagonismo é dessas dez mulheres. Agradeço muito ao Tribunal de Justiça do Amazonas. Ano passado tivemos uma parceria muito com o projeto ‘Pretoberâncias’, cuja palavra foi criada aqui junto com vocês. Uma obra de arte pode causar letramento racial, pode ajudar a contar histórias e nos atravessar de muitas formas. Este é um mês para pensarmos quais as pessoas pretoberantes que admiramos. É um mês de falarmos e nos expressarmos, e de pensar que o racismo será combatido com muita luta e amor”, comentou o curador.
“É uma honra enorme estar mais uma vez ao lado de companheiras artistas tão talentosas e especiais e ver nossa arte ultrapassando limites que até hoje tanto insistem em nos estabelecer. É uma nova geração de artistas não só para a cena manauara, mas para a arte nortista”, disse a artista Brisa Nascimento Rocha.
Homenagem
Após a abertura oficial da mostra, as artistas Vivian da Cruz Evangelista Barbosa; Iris Silva e Silva; Victória Karoline Andrade de Oliveira; Antônia Anete Valdevino de Sena; Emuna Maciel Gouveia da Silva; Rana Laís da Fonseca Coutinho; Shekinah Rosas de Souza; Sísie Rolim da Costa; Brisa Nascimento Rocha; Geciane dos Santos Rezende; Raquel Sandoval de Almeida e Maria Eduarda Portela de Sena; o curador Marcelo Silva Rufino; o consultor de acessibilidade Henry Maurício Martínez Hernándes e o co-organizador da mostra, servidor judiciário Rodrigo Silva de Melo, foram homenageados com certificados de participação na exposição.
Público
Várias das imagens expostas na “Amazônia Preta em Movimento” trazem impacto e reflexão para a causa afrodescendente junto ao público. É o caso da estudante venezuelana Darli Nazareth, aluna de 1.º ano do ensino Médio da Escola Estadual Ângelo Ramazzoti, que admirou a imagem denominada “Caminhos”, concebida pela artista fotográfica e de colagens, Maur, de 20 anos de idade. A obra é uma colagem onde duas fotografias se fundem trazendo a representação de uma pessoa empunhando um remo sobre um cenário de palafitas e, ao horizonte, labaredas sobre casas.
“É muito legal ver a arte feita por pessoas afrodescendentes e afrobrasileiras ser apreciada e vista pelo público. Isso tudo é muito bonito, as pinturas e obras, e estou gostando muito da experiência. A obra que me mais me impactou foi a fotografia ‘Caminhos’, que mostra casas pegando fogo”, disse a jovem oriunda da cidade de Bolivar e que reside há 7 anos em Manaus.
A artista Maur explicou que a obra visa a gerar no público um sentimento de reflexão sobre as nossas raízes, origens e a terra.
“A obra ‘Caminhos’ vem uma ideia de como vamos continuar e onde vamos parar se não dermos importância às nossas raízes, origens e à nossa terra. Por isso ela representa uma pessoa com um remo sobre uma cidade. Se não cuidarmos dos nossos rios vamos ter uma urbanização feia, com palafitas e pessoas vivendo de uma maneira ruim, sem acessibilidade. Ao fundo, aparece o fogo, que representa as queimadas que trazem a seca para a nossa cidade, que trazem esse impacto para dentro da cidade e da floresta. ‘Caminhos’ vem para pensarmos e que caminhos queremos seguir para colher lá na frente”, explicou a artista Maur, que entrou pela primeira vez no Fórum Henoch Reis.
Roda de conversa
Nesta quinta-feira, em continuidade às atividades alusivas ao "Mês da Consciência Negra", o TJAM promove a roda de conversa “Da Resistência à Justiça: vozes negras em diálogo”, um espaço de reflexão e valorização da trajetória e das contribuições da população negra na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O encontro reunirá personalidades de destaque para discutir temas como o legado de Zumbi dos Palmares, a construção da identidade negra e os desafios da equidade racial no acesso à Justiça.
Alinhado às diretrizes da Resolução n.º 519 de 11 de setembro de 2023, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que prove a implementção de ações de conscientização e educação no ambiente de trabalho para fortalecer uma cultura institucional baseada na igualdade e no respeito às diferenças, o evento terá por objetivo promover a reflexão dos participantes sobre a importância da igualdade racial e o combate ao racismo e à discriminação religiosa, especialmente no contexto institucional e no ambiente de trabalho. Visará, também, capacitar os participantes a identificarem e enfrentarem práticas discriminatórias no Judiciário, fortalecendo uma cultura de inclusão e respeito à diversidade, alinhando-se aos princípios de equidade e Justiça.
Para se inscrever, basta acessar o site da Esmam: https://esmam.tjam.jus.br/moodle_esmam/
Veja mais fotos da abertura da exposição clicando neste link: https://www.flickr.com/photos/tribunaldejusticadoamazonas/albums/72177720330274312/
#PraTodosVerem: Imagem que ilustra a matéria traz a foto de momento da cerimônia de abertura da programação do Tribunal de Justiça do Amazonas alusiva ao Mês da Consciência Negra; à esquerda, de roupa rôxa e blazer preto, aparece a desembargadora Onilza Abreu Gerth, que tem ao seu lado demais autoridades e, à frente deles, artistas e público presentes
Texto: Paulo André Nunes
Fotos: Marcus Phillipe
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - TJAM
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