Juízo da 5.ª Vara Criminal realiza Depoimento Especial de vítima com Síndrome de Down

Embora a vítima já tenha 26 anos, a metodologia do Depoimento Especial foi aplicada considerando a condição especial de vulnerabilidade.


53043445044 984d760058 cA 5.ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas realizou na manhã desta segunda-feira (27/11) a oitiva, em Depoimento Especial, de uma pessoa com Síndrome de Down, vítima de estupro de vulnerável. A audiência da vítima, de 26 anos de idade, aconteceu em uma das salas de Depoimento Especial localizadas na Coordenadoria Psicossocial Judiciária do Tribunal de Justiça do Amazonas, no 5.° andar do Fórum Ministro Henoch Reis, zona Centro-Sul.

O Depoimento Especial, previsto na Lei do Sistema de Garantias de Direitos (n.º 13.431/2017) e deve ser adotado obrigatoriamente para as vítimas ou testemunhas de faixa etária até 17 anos, sendo facultativo para quem tem de 18 a 21 anos. Apesar de condições especiais como a da vítima que é parte no processo que tramita na 5.ª Vara Criminal - que possui 26 anos e Síndrome de Down - não estarem previstas, o Juízo optou por adotar a metodologia considerando tratar-se de uma vítima vulnerável pela condição especial que tem.

A audiência foi conduzida pela juíza titular da 5.ª Vara Criminal, magistrada Andrea Jane de Medeiros, e contou com a presença do promotor de Justiça Vicente Borges; do defensor público Miguel Alencar (por videoconferência) e da psicóloga Andréa Albuquerque Saraiva, que integra a Coordenadoria Psicossocial Judiciária do TJAM e intermediou a oitiva junto à vítima.

“É um depoimento cercado de toda legalidade e de todo um protocolo, que é conduzido, na realidade, pela uma psicóloga. Sem esse depoimento, com certeza seria bem mais difícil chegarmos a um resultado final nesse processo. Ainda vamos fazer outras oitivas, mas a da vítima, dentro do Depoimento Especial, é imprescindível para chegarmos a uma decisão”, afirmou a juíza Andrea Jane de Medeiros, destacando a importância da metodologia do Depoimento Especial.

A magistrada frisa que o Depoimento Especial realizado pela vítima com Síndrome de Down é um bom exemplo de que há possibilidade de adotar o procedimento quando a vítima possui algum tipo de necessidade especial.

Segundo a psicóloga Andréa Albuquerque Saraiva, na metodologia do Depoimento Especial são trabalhadas as questões do Protocolo Brasileiro de Entrevista Forense, que é utilizado sob recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Da mesma forma, são observadas as diretrizes da Lei do Sistema de Garantias de Direitos (n.º 13.431/2017), que dá a oportunidade às vítimas e testemunhas de violência de serem ouvidas pela Justiça de um modo diferenciado, pois têm o direito de querer falar ou não, e isso precisa ser respeitado”, disse a especialista.

“O Protocolo tem a primeira fase, em que são trabalhadas as questões do dia a dia, procurando identificar a melhor forma para a conversa fluir, já observa questões da família com que a pessoa mora e quem são elas. Depois, passamos para a parte da alegação, do fato em sí, em que se trabalha o assunto do processo, sempre obedecendo a narrativa livre e com perguntas abertas, evitando a indução e a sugestionabilidade”, comenta a psicóloga.

Andréa Albuquerque Saraiva explica que, na sala de audiências (onde está o juiz) as perguntas são ouvidas e vai sendo direcionada da melhor forma para buscar a informação no contexto do assunto que é tratado no processo. "É uma forma de evitar perguntas constrangedoras e a questão da violência sexual é um assunto delicado e constrangedor de se falar. No final da oitiva, busca-se trazer assuntos mais neutros, que foram trabalhados lá no início, para que a vítima saia de uma forma que desfoque desse assunto pesado e saia mais tranquila e aliada”, detalha André.

Nesta segunda-feira, também foi realizada a oitiva da mãe da vítima. A partir de agora, passa-se à fase das alegações finais e, em seguida, o processo estará concluso para sentença.

 

 

#PraTodosVerem - a fotografia que ilustra a matéria mostra a porta de entrada, com placa de identificação, de uma das salas de Depoimento Especial da Coordenadoria Psicossocial Judiciária do TJAM. 

 

Paulo André Nunes

Foto: Raphael Alves - Arq. 13/07/2023

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL / TJAM

E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

(92) 2129-6771 / 993160660

2022 - Mapa do Site
Save
Cookies user preferences
We use cookies to ensure you to get the best experience on our website. If you decline the use of cookies, this website may not function as expected.
Accept all
Decline all
Publicidade
Youtube
Accept
Decline
Analítico
Google Analytics
Accept
Decline