Mulheres vítimas de violência doméstica falam sobre recuperação da autonomia e sobre vencer o medo, em Roda de Conversa temática promovida pelo 1.º Juizado Maria da Penha

Atividade integrou a programação da "19.ª Semana da Justiça pela Paz em Casa", que aconteceu de 22 a 26 de novembro.


 

A Equipe Multidisciplinar do 1.º Juizado Especializado no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (1.º Juizado Maria da Penha") realizou na sexta-feira (26/11) a “Roda de Conversa – Reconstrução Pós-relacionamento Abusivo”, com 18 participantes convidadas, as quais integram processos que tramitam no Juizado. A atividade fez parte da programação da "19.ª Semana da Justiça pela Paz em Casa"  e foi realizada a distância, pela plataforma Google Meet, atendendo aos protocolos de prevenção à covid-19.

Segundo a psicóloga Suzy Guimarães, que coordenou a transmissão da atividade, a proposta da "Roda de Conversa" é que seja uma atividade reflexiva, dando apoio às mullheres com históricos de perdas, de desesperanças e com dificuldades de se reestruturarem após o término de um relacionamento abusivo. “Pensando nesses casos, organizamos a 'Roda de Conversa' com a temática 'Reconstrução Pós-Relacionamentos Abusivos', com a proposta de que as mulheres desenvolvam novas habilidades nas relações interpessoais, que o processo de reconstrução das emoções proporcione empoderamento e que elas sejam protagonistas de suas vidas. O diálogo é importante e fortalecedor", explicou a psicóloga.

O "Projeto Roda de Conversa" teve início em 2020, com atividades presenciais, mas em março do mesmo ano passou a ser realizado em meio virtual, em razão da pandemia. Na tela do computador, diversas mulheres, que passaram por relações com parceiros e parceiras abusivas, apresentaram narrativas fortes e positivas de como estão reconstruindo essa nova trajetória de vida sem violência.

A psicóloga conta que é perceptível a mudança de atitude das mulheres entre o momento em que chegam e expõem seu problema individualmente para a equipe e o instante em que integram o grupo de conversa e passam a ouvir as dificuldades e as conquistas das outras. “Várias mulheres atendidas pela equipe se apresentam atualmente com voz ativa, buscando um percurso diferente e sem violência. A nossa proposta é trazer esse fortalecimento, e é bem visível nas narrativas delas novas atitudes. A Roda de Conversa também é um espaço para autoconhecimento e desenvolvimento da autoestima, para que compartilhem umas com as outras como estão buscando o bem-estar diário”, avalia a psicóloga.

S. A., 60 anos, funcionária municipal, é uma dessas referências para as outras mulhres. “Depois de 40 anos de convivência, abri meus olhos. Eu apanhava e era ofendida todos os dias. Vejo que muitas mulheres têm pensamentos machistas e acreditam que o casamento vai ser 'pra sempre'. Só tem que ser 'pra sempre' o que faz bem pra você”, afirmou ela. S.A. revelou que não tinha mais esperança de sair do ciclo de sofrimento. “Fiz diversas queixas e nada, mas quando cheguei aqui, encontrei uma Justiça diferente. Anjos têm nome, sobrenome e endereço”, afirmou ela, acrescentando que não esperava ser acolhida da forma que foi pela rede montada pelo Judiciário na proteção às mulheres.

"Esse acolhimento, as atividades e projetos, as conversas e atendimentos, tudo isso mostra a aproximação da Justiça com a realidade das pessoas”, explica a assistente social Deniglesia Nascimento, a qual também esteve presente na sala virtual.

Na "Roda de Conversa" também se revive uma realidade que desejam esquecer, um momento onde o apoio mútuo tem grande importância. “Eu me sentia muito insegura, sem chão, com medo de tudo. Eu não confiava em ninguém e depois do apoio da equipe multidisciplinar, aprendi a controlar”, diz J.M, 31 anos, aposentada, em seu depoimento. Ela viveu 9 anos em relação abusiva, conta que encontrou o foco e retomou cursos de EAD que havia sido “proibida” de fazer, está desenvolvendo novas habilidades e realizou um sonho incentivada pela filha de 6 anos: estreou como atriz em uma peça de teatro. A aposentada conta que, durante a convivência com os colegas de palco, precisou reaprender a se relacionar amistosamente com pessoas do sexo masculino. “Os colegas me tocavam, mesmo em uma cena e eu repelia de forma agressiva, por medo”, revela, dizendo que encontrou foco nas atividades do grupo.

I.L., 43 anos, disse que se libertou após três anos de violência e abusos psicológicos e que está se preparando para concurso público, superando a insegurança e o medo por meio da orientação da psicóloga Suzy. “Através da orientação, a psicóloga me anima a olhar para mim mesma e sentir que estou capacitada a correr atrás dos meus objetivos e sinto-me fortalecida”, afirmou I.L.

 

 

 

 

Sandra Bezerra

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