O evento foi promovido pela Escola Nacional de Formação de Magistrados em parceria com a Escola Superior de Magistratura (ESMAM), nos dias 17 e 18 de novembro de 2022, no Palácio Rio Negro, localizado na Avenida 7 de setembro, no centro da cidade de Manaus.
O professor Bráulio Ferreira de Souza Dias, graduado em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília, Doutor em Zoology pela University of Edinburgh, professor adjunto da Universidade de Brasília e diretor-presidente da Fundação Pró-Natureza, participou, no dia 17 de novembro de 2022, da “1ª Conferência Amazônica do Ambiente e do Clima”e abordou o tema “Proteção de florestas e biodiversidade”.
O palestrante realizou a apresentação do Painel Científico para a Amazônia, estabelecido pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) em setembro de 2019, em Nova Iorque.
Inspirado pelo Impacto de Letícia, mais de 240 cientistas e autores envolvidos (65% de países amazônicos, incluindo os cientistas e autores indígenas, 42% mulheres). Os principais objetivos do CPA é sistematizar informações para uma avaliação cientifica do estado dos ecossistemas e populações Amazônicas, examinar tendências e implicações para o bem-estar de longo prazo da região, explorar oportunidades de opções de políticas para a conservação e o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
O Painel Científico para a Amazônia (PCA) lançou o primeiro Relatório de Avaliação da Amazônia na COP26, Glasgow, novembro de 2021. Com um alerta de que a região está se aproximando de um perigoso ponto de não retorno chamado em inglês de tipping point, devido ao desmatamento, degradação, e mudanças climáticas. A bacia amazônica é um dos elementos mais críticos do sistema climático terrestre, 70% da umidade na Bacia do Plata – Paraná depende da umidade que vem pela atmosfera pelos chamados informalmente de rios voadores, levando a umidade da Amazônia para o restante do país.
A Amazônia apresenta uma diversidade notável de grupos socioculturais, como os povos indígenas Yanomani, Xavante e Carajá. São 12 mil anos de história humana, no século XVI contabilizou 8 a 10 milhões de indígenas, falando mais de mil línguas distintas. Atualmente são mais de 410 grupos, cerca de 80 povos dos quais permanecem em isolamento voluntário, e 300 línguas indígenas faladas na região. Essa região também sofre com os impactos da expansão da frente agrícola, os impactos do desmatamento somam 18% da área total da floresta, perde de 283,4 milhões de toneladas de Carbono anualmente, resultando em emissões anuais de 1.040,8 milhões de toneladas de CO2.
O palestrante mostrou soluções para reduzir os riscos dos pontos de Não-retorno ecológicos essenciais. “Parar o desmatamento, degradação florestal e incêndios, conservação e restauração florestal, o compromisso dos governos, uma nova bioeconomia de saudáveis florestas em pé e rios flutuando, compromisso dos governos federal, estadual e municipal, e também elaboração de ação e implementação baseado na riqueza das florestas e dos rios amazônicos”, disse.
Pelo mapa do desmatamento apresentado pelo palestrante, historicamente o desmatamento tem se concentrado nas regiões Sudestes, Sul e Sudoeste da Amazônia criando longo “Arco do Desmatamento”, e precisa ser aplicadas as legislações e políticas com técnicas existentes, com apoio político e financeiro para que venham acontecer um programa de restauração florestal com o apoio de todos os setores.
O palestrante enfatizou o termo “AGIR AGORA!”, em prol das moratórias sobre desmatamento, degradação florestal e incêndios florestais no Sul da Amazônia, desmatamento e degradação zero em toda a Amazônia até 2030, e promover a conservação e restauração da floresta em grande escala das florestas que ainda existem, e uma nova bioeconomia.
Texto: Rosiane Cruz de Oliveira – Núcleo de Divulgação da ESMAM
Foto:Chico Batata