A Comissão de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral, Assédio Sexual e à Discriminação do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), em parceria com a Escola Superior da Magistratura do Amazonas – Esmam realizou, nesta quinta-feira (13/11), a roda de conversa “Da Resistência à Justiça: Vozes Negras em Diálogo”, um espaço de reflexão e valorização da trajetória e das contribuições da população negra na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
A abertura contou com palestra do juiz de Direito Marcelo Cruz, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri, que apresentou um panorama das ações do Judiciário voltadas à promoção da igualdade racial.
“O papel do Judiciário se manifesta tanto externamente, ao julgar os casos que lhe são submetidos, quanto internamente, na condução de políticas institucionais pelo CNJ. É importante refletir sobre o que o Judiciário tem feito para amenizar a desigualdade racial, combater o racismo e promover um sistema de justiça mais plural e uma sociedade mais igualitária”, destacou o magistrado.
A juíza de Direito Naira Antunes, da Vara de Garantias Penais e Inquéritos Policiais de Manaus e integrante ativa da Comissão de Prevenção e Enfrentamento à Discriminação do TJAM, ressaltou a importância de eventos e rodas de conversa sobre equidade racial como espaços de integração e reflexão. Segundo ela, essas iniciativas permitem discutir temas como o racismo estrutural e a discriminação velada, ainda presentes no cotidiano, com a presença de servidores, magistrados e estagiários para ampliar o debate.
“Estamos discutindo identidade racial, e isso é fundamental para que as pessoas compreendam a própria história, entendam por que discutimos a consciência negra e promovam esse debate integrativo de ideias. Essa é a importância do dia de hoje”, afirmou a magistrada.
A doutora em História pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Márcia Gabrieli, destacou a relevância de ações institucionais voltadas à promoção da igualdade racial, especialmente durante o Mês da Consciência Negra, ressaltando, porém, que o debate sobre o combate ao racismo deve ser permanente. Em sua fala, a pesquisadora enfatizou a necessidade de dar visibilidade ao negro do Amazonas, cuja presença e contribuição são, muitas vezes, ignoradas.
“O negro do Amazonas é diferente de outras regiões, mas é fundamental tirá-lo da invisibilização. Ele existe, contribui com nossa cultura, com nossos fenótipos e, principalmente, com nossa identidade. O negro do Amazonas existe — e não é de hoje”, afirmou.
O analista judiciário e mestre em História, Juarez da Silva Júnior, com 37 anos de atuação no movimento negro, também destacou a importância da roda de conversa como espaço de fomento ao debate sobre equidade racial e identidade amazônica.
“Esse encontro é importantíssimo para que a gente desperte e fomente a discussão sobre a equidade racial e os estudos da personalidade identitária amazônica, que é um pouco diferente das outras regiões do Brasil. O Tribunal de Justiça do Amazonas, ao promover essa roda de conversa, colabora para um entendimento mais amplo e para o fortalecimento da equidade racial na Amazônia”, afirmou.
Por fim, Glacielli Thaiz Souza de Oliveira, analista judiciária de serviço social do TJAM, destacou que eventos como esse promovem o letramento racial, contribuindo para que pessoas não pretas e pardas compreendam a identidade e o pertencimento racial, além de valorizarem a ancestralidade na formação da identidade no contexto social.
O evento ocorreu no auditório do Centro Administrativo Desembargador José de Jesus Ferreira Lopes, anexo à sede e foi transmitido ao vivo pelo canal da ESMAM no YouTube.
Rebeca Artiagas, sob supervisão e edição de Ramiro Neto
Foto: Marcus Phillipe
Revisão gramatical: Eliza Maria Luchini de Oliveira
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