O projeto "Nossa Dor não é Brincadeira", idealizado pela Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, Larissa Padilha Roriz Penna, com o apoio da Esmam, foi classificada e premiada em 4º lugar, no 4º Prêmio CNJ Juíza Viviane Vieira do Amaral, na categoria Magistrados(as).
Instituído pela Resolução n. 377/2021, o prêmio visa reconhecer e dar visibilidade a ações de prevenção e enfrentamento à violência doméstica e familiar contra mulheres e meninas e reverencia a memória da magistrada do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que foi vítima de feminicídio praticado, em dezembro de 2020, pelo ex-marido. Ele está inserido na Política Judiciária Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, estabelecida pela Resolução CNJ nº. 254/2018.
Foram avaliados projetos em seis categorias: (i) tribunais; (ii) magistrados(as); (iii) atores do sistema de Justiça Criminal — Ministério Público, Defensoria Pública, advogados(as) e servidores(as); (iv) organizações não governamentais; (v) mídia; e (vi) produção acadêmica.
O Prêmio CNJ Juíza Viviane Vieira do Amaral é uma iniciativa do CNJ destinada a premiar e a dar visibilidade a ações de prevenção e enfrentamento ao fenômeno da violência doméstica e familiar contra mulheres e meninas. Constitui objetivo do prêmio, ainda, conscientizar os integrantes do Judiciário quanto à necessidade de permanente vigília para o enfrentamento desse crescente tipo de violência.
Segundo a magistrada Larissa Padilha Roriz Penna, o projeto "Nossa Dor não é Brincadeira" surgiu inspirado pelo "Agosto Lilás", mês de ações voltadas a combater a violência contra a mulher.
“O projeto “Nossa Dor Não É Brincadeira” começou de forma despretensiosa, mas foi ganhando força e se ampliando com o tempo. Hoje, já alcançou municípios como Iranduba, Barreirinha, Parintins, Anamã e muitos outros, levando, através da arte e da cultura, mensagens que transformam vidas, buscando conscientizar e engajar a sociedade no combate à violência doméstica e de gênero. Com o apoio de artistas e da comunidade, temos mostrado que é possível tocar corações e inspirar mudanças. Este reconhecimento do CNJ, com o 4º lugar, é um sinal de que cada passo valeu a pena e que podemos seguir ampliando esse impacto”, declarou a juíza Larissa Penna.
O projeto
Idealizado pela Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, Larissa Padilha Roriz Penna, é composto por uma cartilha construída coletivamente por artistas de Parintins e de Barreirinha, a partir de um concurso cultural e teve o apoio da Escola Superior da Magistratura do Amazonas - Esmam.
O projeto também utiliza de meios de interação com a comunidade, por meio de palestras em instituições públicas e particulares, tais como escolas, faculdades, empresas de diversos segmentos. A ação tem se destacado por utilizar abordagens inovadoras, como a musicoterapia e o uso de inteligência artificial para combater a violência de gênero e doméstica. A musicoterapia é uma estratégia poderosa que utiliza elementos musicais para promover bem-estar emocional e psicológico.
No contexto do projeto, ela é empregada não apenas para ajudar vítimas a processar experiências traumáticas, mas também para explorar, por meio das letras, diferentes formas de violência e as narrativas de superação, promovendo uma reflexão profunda sobre a realidade. Este processo facilita a expressão emocional, promove e ajuda as vítimas a enxergar novas perspectivas sobre suas experiências.
Além disso, o projeto integra a IA chamada “Amparo”, uma assistente virtual especializada em fornecer apoio e informações sobre violência de gênero. “Amparo” atua como uma ferramenta educativa, oferecendo conteúdo atualizado e personalizado para atender às necessidades de cada usuário. Ela fornece informações sobre os direitos das vítimas, os serviços de apoio disponíveis e orientações sobre como buscar ajuda, bem como sobre a legislação específica.
Outra iniciativa relevante do projeto é a criação de uma playlist no Spotify, desenvolvida para proporcionar um espaço de conforto e inspiração para aqueles que buscam superar experiências de violência. A playlist é composta por músicas escolhidas coletivamente, por alunos que participam das palestras, que promovem mensagens de força, esperança e resiliência, bem como reflexões sobre a realidade e o enfrentamento das adversidades, trazendo letras nas quais há narrativas de violência, de machismo ou de efeitos dessas violências na vida das pessoas. Este recurso oferece uma forma acessível de apoio emocional e pode ser utilizado por vítimas, familiares e qualquer pessoa interessada em promover a conscientização sobre a importância do combate à violência de gênero.
Essas ações conjuntas refletem o compromisso do projeto "Nossa Dor Não é Brincadeira" em criar uma rede de apoio inclusiva e eficaz, utilizando tecnologias modernas e abordagens criativas para alcançar e impactar positivamente a vida de muitas pessoas. Por meio da musicoterapia, da inteligência artificial e de iniciativas culturais (como os concursos culturais), o projeto busca não apenas apoiar as vítimas, mas também sensibilizar a sociedade para a necessidade urgente de erradicar a violência de gênero e doméstica.
Ramiro Neto
Fotos: Marcus Phillipe
Fonte: Agência CNJ de Notícias
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